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Lição #6 - Copiou, colou... melhorou

Em 2025, a inovação não nasce da genialidade isolada, mas da observação estratégica, adaptação rápida e execução bem-feita. Copiar não é trapaça — é parte do processo criativo.Tempo de leitura: 7 minutos

Olá, meu nome é Clara e, por algumas reviravoltas inesperadas do destino, hoje eu sou professora de estratégias de negócios, marketing e empreendedorismo para alunos do ensino médio.

É engraçado olhar para trás e pensar que eu tinha tudo para chegar até aqui desde cedo, mas acabei seguindo um caminho um pouco não convencional.

Nesta newsletter, eu vou dividir com vocês o que eu venho aprendendo sobre negócios para poder ensinar os meus alunos de uma forma que traga interesse e aprendizado real.

Neste momento da minha vida, o meu interesse por empreendedorismo não vem de uma vontade pessoal de me tornar CEO da minha própria empresa, mas sim de uma curiosidade em compreender conceitos e mudanças de mercado para poder ensinar algo realmente relevante para meus alunos.

🙋‍♀️ Presente?

Lição #6 – Copiou, colou… melhorou

Mas antes de ler, uma pergunta: você já assina essa newsletter? Não? Rapidinho…

Agora vamos começar!

Sabe aquele mito do gênio criativo solitário, que tem um “eureka!” no meio da madrugada e muda o mundo?

Pois é. A gente cresceu acreditando nisso. Mas já passou da hora de atualizar esse sistema.

📌 Em 2025, a inovação não vem (só) da genialidade. Ela vem da observação.
Do repertório. Da capacidade de conectar o que já existe — e adaptar pra algo novo.

Aliás, vamos começar com um mini glossário do mundo das startups? um quem é quem na fila da inovação?

  1. First Mover: quem chega primeiro.

  2. Fast Follower: quem copia rápido e entrega melhor.

  3. Disruptor: quem muda as regras do jogo.

  4. E agora... que eu acabei de inventar…o Copiador Inovador: aquele que observa, adapta, melhora — e entrega algo relevante para o contexto atual.

E sabe qual é o segredo de todos eles?
🧠 Ninguém faz nada sozinho.

🧩 O mito do inventor solitário já caiu

💡 Edison não inventou a lâmpada. Ele apenas descobriu um filamento de bambu que funcionava melhor — com base em trabalhos anteriores de Sawyer e Man.

📞 Bell registrou a patente do telefone no mesmo dia que outro inventor, Elisha Gray. O caso foi parar na Suprema Corte dos Estados Unidos, que gastou um tempão tentando decidir quem tinha o direito.

E, segundo o pesquisador Mark Lemley, praticamente toda grande invenção que você conhece foi criada por dois ou mais grupos ao mesmo tempo, trabalhando de forma independente. Coincidência? Não.

📎 Como lembra o jornalista Matt Novak neste artigo da BBC:

“A invenção raramente acontece no isolamento. Ela surge de uma mistura extremamente complexa de autores e ideias, com todo mundo pegando emprestado de todo mundo.”

E mais adiante, ele aponta:

“Precisamos matar o mito do gênio solitário e celebrar a diversidade rica de pessoas que fazem uma invenção acontecer.”

Quando já tem tecnologia, necessidade de mercado, gente pesquisando. Não é sorte. Nem dom.

É contexto + análise + execução.

🇨🇳 Copia ou inova? A China mostra o caminho

Durante muito tempo, a China foi acusada de “só copiar”. Made in China virou sinônimo de imitação.
No entanto, enquanto o Ocidente se prendia ao ego da autoria, eles foram copiando e melhorando.
E hoje, o jogo virou.

📹 No vídeo abaixo Porque a innovação da China está ganhando, da HBR, um dado me pegou:
A China emergiu como uma potência de inovação, combinando sua rica herança cultural com avanços tecnológicos modernos.​

Entre 1990 e 2019, a participação da China no PIB global saltou de menos de 2% para quase 19%. Esse crescimento impressionante reflete não apenas a expansão econômica, mas também a capacidade de sua população em se adaptar e adotar novas tecnologias rapidamente.

O segredo?A estratégia chinesa de "copiar e melhorar" reflete uma mentalidade cultural que valoriza a aprendizagem contínua e a adaptação. Em vez de ver a cópia como algo negativo, é percebida como uma etapa no caminho para a inovação, onde produtos e serviços são constantemente refinados para melhor atender ao mercado.

☕️ Um bom exemplo é o Luckin Coffee — o “Starbucks chinês” que cresceu rápido com um modelo mais digital, acessível, e com mais de 20 mil lojas na China, mais que o dobro da Starbucks no país. E eles estão prestes a ir competir com a empresa norte americana em seu território, já que a companhia chinesa aparentemente planeja abrir uma filial nos Estados Unidos ainda neste ano. 

🇧🇷 E aqui no Brasil? Tem exemplo também.

📦 A MadeiraMadeira, que começou vendendo móveis online sem ter estoque, criou um modelo inspirado na sueca Ikea ou na norte americana Wayfair — porém adaptou tudo para o consumidor brasileiro, como: frete, forma de pagamento e estilo de produto.
🦄 E virou unicórnio.

Não foi a primeira.
Não foi a mais ousada.
Mas entendeu o jogo e mudou o mercado com um modelo adaptado ao Brasil.

Então o que é ser disruptivo?

📹 No vídeo da Harvard Business Review, o pesquisador Clayton Christensen explica que inovação disruptiva não é sobre ter a melhor tecnologia, e sim sobre tornar algo acessível para um novo público, com um modelo mais simples, mais barato e mais prático do que o que já existe.

Na prática, isso significa que a disrupção não nasce do nada — ela nasce de quem observa o que está funcionando, percebe quem está ficando de fora e entrega algo diferente para essas pessoas.

🧩 Disrupção não é mágica. É estratégia.

É juntar o que já funciona de um jeito novo.
É resolver problemas reais com soluções ajustadas.

Quer um exemplo?

O Nubank não inventou o cartão de crédito.
Contudo, transformou a experiência bancária: sem tarifa, com atendimento decente e 100% digital.
Em um país traumatizado por fila de banco e juros surreais… isso foi disrupção.

Disrupção, no fim, é alguém que presta atenção.

E a tal autoria? Como fica?

Se você ainda acha que inovação tem que ser original, sinto dizer: você parou no tempo.
Todo mundo cria em cima de algo.
E isso não é um problema — é o jeito que o mundo funciona.

E, com uso da tecnologia e inteligência artifical, isso só fica mais claro.

A apresentação do HackTown em 2024 que vi do Martin Rabaglia fundador da Genosha em Buenos Aires falou exatamente disso: Os produtos mais interessantes de hoje nascem da combinação entre curadoria humana, tecnologia e estratégia de execução.

Dá só uma olhada no projeto que eles fizeram com uma revista de decoração. Um trabalho feito a muitas mãos: Humanos + ChatGPT+ Midjourney + Photoshop + Magnific AI. Isso sem contar as mãos que vieram antes disso, com os artistas que inspiraram esse trabalho.

Autoria, então, não é sobre quem inventou do zero.
É sobre quem soube recombinar melhor.
Sobre quem teve repertório e coragem de fazer — com as ferramentas disponíveis.

A real é que a maioria dos produtos que usamos hoje são feitos assim:
Meia ideia sua, um prompt bem-feito, um vídeo no YouTube, o feedback de alguém, um toque de design.

A inovação deixou de ser obra de um autor.
Virou um trabalho de remix — e execução bem-feita.

🥗 E você, vai se inspirar em qual reels do instagram para fazer o almoço de hoje? 

Até daqui duas semanas!

Prof. Clara + ChatGPT + marido + um monte de artigo + vídeo no YouTube + outras newsletters + umas gracinhas

Como usar na sala de aula

Quando eu comecei a dar aula de empreendedorismo, eu fazia projetos para que os alunos construíssem suas próprias empresas, logo de cara. Eu cansei de ver ideia para vender moletom, dropshipping ou pulseira de miçangas.

Não que essas ideias não sejam interessantes, mas eu me perguntava: por que o enfoque dos negócios eram sempre os mesmos? Eu resolvi mudar a ordem das coisas.

Ao invés de pedir um projeto original, peço que eles analisem empresas, entendam modelos, adaptem linguagem, descubram o que funcionou e o porquê. Agora, vejo ideias muito mais inovadoras.

Aqui estão alguns pontos que uso com os alunos para analisar uma empresa de forma estratégica:

  • Qual o problema real que essa empresa resolve?

  • Como ela ganha dinheiro (modelo de negócios)?

  • Quem são seus principais concorrentes?

  • O que ela faz de diferente?

  • Que canais de marketing usa?

  • Qual o comportamento do público-alvo?

  • Como ela se adapta a mudanças?

Você não precisa inventar tudo. Mas precisa estar com o radar ligado. Porque quem copia bem… pode inovar ainda melhor.

Esse olhar é treinável. E vale mais que uma grande ideia de primeira.

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