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Lição #11 — Por que aprender empreendedorismo (mesmo se você nunca for abrir um negócio)

Nesta edição, compartilho as lições mais valiosas do curso na Babson College sobre mindset empreendedor, coragem para tentar e como ensinar melhor quando também estamos aprendendo.Tempo de leitura: 6 minutos

Olá, meu nome é Clara e, por algumas reviravoltas inesperadas do destino, hoje eu sou professora de estratégias de negócios, marketing e empreendedorismo para alunos do ensino médio.

É engraçado olhar para trás e pensar que eu tinha tudo para chegar até aqui desde cedo, mas acabei seguindo um caminho um pouco não convencional.

Nesta newsletter, eu vou dividir com vocês o que eu venho aprendendo sobre negócios para poder ensinar os meus alunos de uma forma que traga interesse e aprendizado real.

Neste momento da minha vida, o meu interesse por empreendedorismo não vem de uma vontade pessoal de me tornar CEO da minha própria empresa, mas sim de uma curiosidade em compreender conceitos e mudanças de mercado para poder ensinar algo realmente relevante para meus alunos.

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Lição #11 — Por que aprender empreendedorismo (mesmo se você nunca for abrir um negócio)

Começo pedindo desculpas. Esta edição saiu com uma semana de atraso.

O motivo foi bom: estava (ainda estou) em Boston, nos Estados Unidos, fazendo um curso para professores de empreendedorismo, da Babson College. Um curso curto, mas intenso.

Babson é referência global quando se fala em ensino de empreendedorismo.
Mas, para mim, o mais valioso não foi o conteúdo — foi o ambiente.

Gente de mais de 14 países, com idades, trajetórias e motivações muito diferentes.

Um lembrete prático de que empreendedorismo não é uma carreira — é uma lente.
Uma forma de ver problemas, tomar decisões e agir com o que se tem em mãos.

Este post é um apanhado das coisas mais valiosas que aprendi (e reaprendi) por lá. E, como sempre, algumas ideias de como isso pode virar sala de aula.

Mas antes…

🧠 Um exercício rápido para sair do automático

Olhe para essa imagem:

As letras A, E e F estão dentro do círculo.
As letras B, C e D estão fora.

Agora responda:

Onde vão as próximas letras?
G vai dentro ou fora?
E H?
E I?

(Sem pesquisar. Vale confiar na intuição.)

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O critério não é o som, a sequência ou o alfabeto em si.
É o formato das letras.

As que têm apenas linhas retas (A, E, F, I…) estão dentro do círculo.
As que têm curvas (B, C, D, G…) estão fora.

🧠 Moral da história: quando a gente insiste em fazer a pergunta errada, não adianta ter a melhor ideia.
Pensar diferente é isso. Parar, olhar com calma e considerar outra lógica.
E isso, felizmente, dá para aprender.

✈️ Por que Babson?

Porque lá, empreendedorismo não é só conteúdo — é prática, processo e postura.

A pergunta que guia tudo não é “como abrir um negócio?”, mas:
Como aprender a agir num mundo incerto, com poucos recursos e ainda assim criar algo de valor?

Ao longo da semana, vivi aulas que iam de improviso teatral a simulações de sala de aula, passando por oficinas de storytelling e arte.
Tudo desenhado para provocar desconforto criativo, treinar escuta, desenvolver coragem — e lembrar que empreender não é ter todas as respostas.
É saber fazer perguntas melhores.

E não é só o conteúdo:
O ambiente também ensina.
Gente de mais de 15 países, de diferentes idades e áreas. Cada um com uma bagagem. Todos ali com a mesma vontade:
Ensinar de um jeito mais vivo, mais conectado com o que importa.

Foi um lembrete forte:
✨ A gente ensina melhor quando também se coloca no lugar de quem está aprendendo.

📎 Três ideias que ficaram na cabeça

Durante o curso, várias conversas mexeram com o jeito de pensar — sobre o ensino, sobre o empreendedorismo, sobre a vida mesmo.
Essas três ficaram comigo. E para cada uma, deixo uma provocação (com um link curto para quem quiser ir além).

🧃 1. Qual é o “trabalho” que você cumpre no mundo?
A ideia veio de uma discussão sobre Milkshake Marketing, conceito criado por Clay Christensen.
Ele mostra que o valor de um produto não está no que ele é, mas no que ele resolve.
Um milkshake de manhã, por exemplo, não é sobre sabor — é sobre manter a pessoa ocupada no trânsito, ou adiar a fome.

O ponto é: às vezes não é a ideia que está errada — é a pergunta.
O que você entrega que as pessoas realmente valorizam?

Link para o video → Milkshake Marketing 

🙅‍♂️ 2. Coragem se constrói
Uma conversa recorrente no curso: o medo de ouvir “não” trava mais do que o próprio “não”.
O vídeo de Jia Jiang foi citado como exemplo extremo — ele se propôs a ouvir 100 recusas seguidas. No caminho, descobriu que muitos “nãos” viravam “sims” com uma pergunta melhor, um ajuste no pedido, ou só insistindo mais uma vez.

O medo de ouvir “não” paralisa mais do que o “não” em si.
A rejeição dói menos do que a antecipação dela.
E quanto mais a gente se permite tentar, mais natural fica lidar com limites, reformular pedidos e seguir em frente.

Coragem é repetição. Não nasce pronta. Se constrói.

Link para o video → 100 dias de rejeição – TED

🍀 3. Sorte é postura, não acaso
Richard Wiseman estudou pessoas que se consideram sortudas e descobriu um padrão: elas não têm poderes especiais, mas hábitos diferentes.
As pessoas "sortudas” prestam mais atenção ao ambiente. Se conectam com gente fora da própria bolha. Arriscam pequenos desvios. Mantêm a mente aberta mesmo em situações rotineiras.

Sorte, nesse caso, não é acaso — é postura.
É o que acontece quando alguém está em movimento, disponível e atento o suficiente para notar o que os outros deixam passar.
E isso se treina.

Ah, e só pra constar: a lagosta do jantar também foi inesquecível. Comi duas. 🦞🦞

📸 Feedback: estar no lugar do aluno de novo

No mundo do empreendedorismo, o pitch final é quase sempre o momento da competição.

Mas no curso da Babson, a proposta era outra:
cada grupo precisava fazer um pitch de uma ideia para a sala de aula que fosse um presente para os colegas 🎁.
Algo simples, útil, que eles pudessem levar e usar depois.

Nosso grupo criou uma ideia de formação para professores de outras áreas — com projetos avaliados pelos próprios alunos.
Rápido, direto e possível de testar.

Apresentamos. E recebemos o feedback de todos os participates.

Na imagem acima, um dos comentários:
“Slides com muito texto.”

Sim. Eu também ri.
Porque é exatamente o tipo de coisa que eu falo nas apresentações dos meus alunos.

Estar neste lugar foi um lembrete prático:
✨ Falar é fácil. Fazer, ouvir, ajustar — é outra história.
✨ E quanto mais a gente vive este processo, mais coerente a aula fica.

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Até a próxima! 🙌

Prof. Clara

Como usar na sala de aula

Uma coisa simples que você pode testar:
🕒 20 minutos para a primeira versão

Em vez de deixar os alunos planejarem por semanas, proponha um desafio curto: criar uma solução, rascunho, pitch, ou protótipo em 20 minutos. Com o que tiver. Do jeito que der.

Não é sobre entregar algo pronto. É sobre tirar a ideia da cabeça e colocar na mesa.
Depois se melhora a ideia. Mas o intuito é começar.

Esta prática vem do teste rápido, muito usada em inovação e também defendida pela Babson como parte do processo de aprender fazendo.

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