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Lição #12 – Como encontrar uma boa ideia?

Esta edição mostra como boas ideias nascem de perguntas bem feitas — com métodos como os 5 Porquês, exemplos reais (abelhas, arte, geladeira) e uma experiência com alunos na Pinacoteca.⏱ Tempo de leitura: 6 a 7 minutos.

Olá, meu nome é Clara e, por algumas reviravoltas inesperadas do destino, hoje eu sou professora de estratégias de negócios, marketing e empreendedorismo para alunos do ensino médio.

É engraçado olhar para trás e pensar que eu tinha tudo para chegar até aqui desde cedo, mas acabei seguindo um caminho um pouco não convencional.

Nesta newsletter, eu vou dividir com vocês o que eu venho aprendendo sobre negócios para poder ensinar os meus alunos de uma forma que traga interesse e aprendizado real.

Neste momento da minha vida, o meu interesse por empreendedorismo não vem de uma vontade pessoal de me tornar CEO da minha própria empresa, mas sim de uma curiosidade em compreender conceitos e mudanças de mercado para poder ensinar algo realmente relevante para meus alunos.

🙋‍♀️ Presente?

📩 Lição #12 – Como encontrar uma boa ideia?

🍺🐶❄️ Uma cerveja, uma geladeira e um cão idoso.

Parece o começo de uma piada, mas é o começo de uma oportunidade — ou melhor, de uma campanha da Consul com o Dr. Pet, que usou três universos distantes para criar uma solução de impacto social (e de marca): incentivar a adoção de cães idosos via uma ação de geladeiras com cerveja.

A pergunta é: quais conexões essas pessoas tiveram que fazer para chegar nesta ideia?

🔍 Achar uma boa ideia não é ter uma “grande sacada”.

Um dos maiores mitos sobre o empreendedorismo é acreditar que ele começa com a grande ideia.
Na prática, empreender começa com o olhar atento. E com perguntas.

Como diz Simon Sinek, no TED Talk “Start With Why”:

“Pessoas não compram o que você faz. Elas compram o porquê você faz.”

Mas, para descobrir o “porquê”...
Você precisa treinar o olhar.
Ou melhor: precisa aprender a ver.

🍯 Do incômodo à solução: o caso da colmeia

Na Costa Rica, cinco alunas criaram uma colmeia inteligente com sensores e visão computacional para monitorar abelhas em tempo real.

A ideia nasceu de uma pergunta: como usar tecnologia para proteger quem cuida dos nossos ecossistemas?

Elas começaram com curiosidade. Depois veio o incômodo — e, por fim, a vontade de fazer algo a respeito.

Antes de pensar no produto final, exploraram possibilidades, testaram hipóteses, ouviram apicultores e só então decidiram qual caminho seguir.

Elas não começaram com a resposta.
Começaram com um problema que valia a pena resolver.

👉 Leia a história aqui: Projeto Apyphore no Porvir

🧠 A oportunidade pode vir de fora (ou de dentro)

Às vezes, uma ideia vem de você.
De algo que te incomoda, te fascina, te move.

Outras vezes, ela vem do mundo.
De observar um padrão.
De notar o que pode melhorar.
De fazer conexões improváveis (como geladeira + pet idoso).

Seja qual for o caso, tem uma coisa em comum:
Uma boa ideia nasce quando você está atento.

E para estar atento, você precisa parar de procurar "a ideia certa" e começar a fazer perguntas certas.

💭 Métodos para encontrar oportunidades

Existem várias formas de treinar este olhar. Alguns exemplos:

Propõe empatia, experimentação e prototipagem como formas de resolver problemas reais.
Em vez de começar com a ideia, começa com a escuta ativa e imersão no contexto.

Ajuda a encontrar uma ideia com propósito, no cruzamento entre o que você ama, o que faz bem, o que o mundo precisa e o que pode ser pago.

Uma técnica clássica do design para ir além da superfície do problema.
Funciona assim: você faz uma pergunta e responde com outro “por quê?”, até 5 vezes.

📌 Exemplo – Os 5 Porquês (abelhas)

Por que as abelhas estão desaparecendo?
→ Porque estão morrendo em grande quantidade.

Por que estão morrendo em grande quantidade?
→ Porque estão sendo expostas a agrotóxicos e perda de habitat.

Por que estão sendo expostas a isso?
→ Porque há pouca regulação e fiscalização.

Por quê?
→ Porque a sociedade ainda não percebe o impacto direto das abelhas.

Por quê?
→ Porque falta educação e comunicação acessível sobre sua importância.

🎯 E agora?
Esse raciocínio pode gerar ideias como:

  • Campanhas educativas criadas por alunos

  • Colmeias inteligentes com sensores

  • Projetos escolares sobre ecossistemas e alimentação✍️ Exercício: Faça os 5 Porquês

💡 Agora é com você.

  1. Pense em algo que lhe incomoda, ou que lhe chama atenção no seu dia a dia.
    Pode ser uma pequena irritação, um hábito seu, ou um problema que todo mundo ignora.

  2. Escreva a primeira pergunta.
    Depois responda com “por quê?”.
    Faça isto cinco vezes seguidas, até chegar à raiz do problema.

  3. Leia tudo.
    Ali pode estar o começo de uma oportunidade.

📢 Se você gostou desta edição...

Ajude-me a espalhar?
Encaminhe para alguém que está procurando um projeto, um novo propósito ou só uma ideia boa para tirar do papel.

Até daqui duas semanas,
Prof. Clara

Como usar na sala de aula

Durante um projeto com a Pinacoteca de São Paulo, meus alunos tinham o desafio de propor estratégias para ampliar o impacto do programa Amigos da Pina. Porém os grupos estavam travados — as conversas não avançavam, e o trabalho começava a perder energia.

Foi neste momento que propus uma pausa. Em vez de tentar “resolver em grupo”, pedi que cada um pensasse sozinho:

  • “Qual oportunidade de crescimento você vê para a Pinacoteca?”

  • “O que lhe faria querer fazer parte disto?”

O objetivo não era só gerar ideias. Era dar a cada aluno a chance de se conectar com o museu a partir da sua própria motivação — seja como artista, consumidor de cultura, jovem da cidade, estudante de museologia, ou alguém que nunca se sentiu representado nesses espaços.

Essa pausa individual teve um efeito transformador. Surgiram ideias com estilos e intenções muito diferentes — e todas legítimas.

  • Uma aluna, por exemplo, pensou como uma jovem que adora sair à noite, mas sente que museus não são feitos para ela. Criou o projeto Noite na Pina — um evento mensal com DJs, performances e visitas guiadas noturnas.

  • A outra, conectada com a cultura pop e consumo, imaginou uma parceria com a Crocs, usando obras do acervo como Jibbitz colecionáveis.

    Trabalho da aluna do nono ano, gerado pelo Chatgpt

  • E um grupo criou a PinaBox: uma máquina com brindes surpresa — mini obras, adesivos e ingressos — que transforma a visita em experiência interativa e reforça o vínculo com o museu.

Cada proposta revelava uma motivação diferente — e foi exatamente isto que destravou o projeto. Como escreve bell hooks em Ensinado a Transgredir, “o espaço da sala de aula pode ser o mais radical de todos — se dermos aos alunos a chance de se verem como sujeitos da própria aprendizagem”.

🎯 Dica para aplicar
Se seu grupo travar ou o projeto parecer genérico, faça uma pausa.
Peça que cada aluno responda individualmente:

“O que te move aqui?”
“Como você se conectaria com este desafio?”

Quando os alunos têm tempo para pensar a partir de si, o grupo volta mais vivo — e mais sincero.

🙌 Obrigada, Pinacoteca!
Essa experiência só foi possível graças à parceria com a Pinacoteca de São Paulo. Se você também acredita no poder da arte para criar pertencimento, considere se tornar um Amigo da Pina — e ajudar o museu a continuar sendo espaço de encontro, criação e transformação.

📚 Para ir mais longe

Na edição passada e falei sobre a minha experiência no curso para professores de empreendedorismo na Babson College (perdeu? Leia aqui!). Voltei com várias referências novas usar na minha sala de aula para estimular o olhar empreendedor. Algumas que estão ligadas com o tema de hoje:

  • 📖 Identifying Innovative Opportunities
    Um modelo que mostra como boas ideias surgem quando cruzamos problemas, tendências e habilidades.

  • 📄 Opportunity Assessment Checklist
    Uma ferramenta prática para testar se sua ideia tem potencial real de mercado.

  • 🧾 Feed Case (Babson)
    Um estudo real sobre como um time transformou lixo em energia ao observar um problema ambiental e conectar com suas competências.

Se quiser, posso mandar os arquivos. Só responder este e-mail :)

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