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Lição #16 - O que faz você se destacar?
Eficiência mantém você no jogo, mas só a diferenciação garante destaque — da indústria brasileira à China, das microempresas ao uso da IATempo de leitura: 8 minutos
Olá, meu nome é Clara e, por algumas reviravoltas inesperadas do destino, hoje eu sou professora de estratégias de negócios, marketing e empreendedorismo para alunos do ensino médio.
É engraçado olhar para trás e pensar que eu tinha tudo para chegar até aqui desde cedo, mas acabei seguindo um caminho um pouco não convencional.
Nesta newsletter, eu vou dividir com vocês o que eu venho aprendendo sobre negócios para poder ensinar os meus alunos de uma forma que traga interesse e aprendizado real.
Neste momento da minha vida, o meu interesse por empreendedorismo não vem de uma vontade pessoal de me tornar CEO da minha própria empresa, mas sim de uma curiosidade em compreender conceitos e mudanças de mercado para poder ensinar algo realmente relevante para meus alunos.
🙋♀️ Presente?
Lição #16 - O que faz você se destacar?
Estamos crescendo! Cada semana tem mais gente chegando aqui — a matemática está certa: 1+1 vira 2, depois 3, 4… (diz a pessoa de humanas, toda empolgada). Se você ainda não assinou, só clicar no botão abaixo.
1. Mas vamos ao conteúdo de hoje…como ser diferente?
Michael Porter lançou o conceito em 1980 e ainda reina: vantagem competitiva é o porquê que leva alguém a escolher você e não o concorrente. Mas ele não deixou só a pergunta; ele deu o mapa: há duas rotas principais:
Liderança em custo: oferecer basicamente o mesmo por um preço que o outro não consegue bater.
Diferenciação: oferecer algo que os outros não oferecem — pode ser design, experiência, relacionamento, propósito, ou um combo de tudo isto.
E aqui entra um ponto também muito importante:
Eficiência (fazer mais rápido, com menor custo) é bom — mas é algo tático.
Estratégia (escolher onde você vai jogar) é o que lhe coloca em outro nível.
Eficiência lhe ajuda a ganhar a corrida. Estratégia lhe ajuda a escolher a corrida que ninguém mais está correndo.
📚️Leia mais sobre isso aqui
2. O que a indústria brasileira mostra
Uma pesquisa realizada com empresas dos setores têxtil, calçados e alimentos no Brasil trouxe uma descoberta interessante: as que realmente se destacam combinam três fontes de vantagem competitiva:
✨ Inovação de produto — entregar algo percebido como diferente e de valor para o cliente.
🤝 Relacionamento com fornecedores — garantir custo controlado e qualidade estável.
🏭 Escala de produção — eficiência operacional para reduzir custos unitários.
E a conclusão é clara: competitividade real nasce da interseção entre eficiência e diferenciação. Não basta só operar bem.
👉 Resumo prático: ser bom em operações te coloca no jogo. Mas sem diferenciação, você continua apenas parte da multidão.
📖 Fonte: Revista UNIVALI Periodicals
3. O ponto inteligente da China
Por muito tempo, “Made in China” foi sinônimo de produção barata em escala — pura eficiência. Mas eficiência sozinha não garante liderança no longo prazo: sempre aparece alguém que faz ainda mais barato.
É por isso que a China começou a mudar de rota. O exemplo recente é o lançamento do GPMI, um novo padrão de cabo que substitui HDMI, USB-C e energia em um só. Não é sobre o cabo em si (ninguém acorda animado para falar de cabos, né?). O ponto é o que esse movimento simboliza: a China está dizendo ao mundo que não quer ser apenas a fábrica eficiente, mas sim quem cria os padrões que os outros terão que seguir.
📹️ Esse video do Instagram aqui explica melhor sobre esse cabo
Essa virada mostra a passagem de uma estratégia baseada em custo e escala para uma estratégia baseada em diferenciação e inovação. Em vez de copiar o que já existe, querem ditar as regras do jogo.
E aqui vale lembrar o exemplo do Japão. Já usei esse vídeo do Wall Street Journal na lição #2 que falava de Inteligência artificial (leia aqui). Sempre conto para meus alunos que, quando eu era pequena, o Japão era sinônimo de tecnologia. Tudo que era novo e futurista vinha de lá. A gente achava que eles moravam no futuro.
Só que o Japão ficou muito bom em eficiência, em qualidade, em fazer rápido e confiável — mas parou de fazer diferente. Sem inovação que definisse novos rumos, perdeu espaço para outros países.
👉 A lição é clara: eficiência abre portas, mas é a estratégia — a capacidade de criar diferenciação — que mantém você relevante no longo prazo.
4. Eficiência ou diferencial? O que as pequenas empresas no Brasil mostram
As micro e pequenas empresas (MPEs) não são detalhe: representam quase 30% do PIB, empregam 44% da força de trabalho formal e chegam a 70% dos postos no comércio. Só que, ao mesmo tempo, 1 em cada 4 fecha nos dois primeiros anos. É o famoso “coração da economia” que bate forte, mas vive sob pressão.
Um estudo brasileiro analisou como o conhecimento em gestão pode ajudar essas empresas a competir: desde inovação em processos até marketing e treinamento de pessoas. O resultado? Esse conhecimento melhora a performance, mas como é facilmente imitável, raramente vira diferencial sustentável. Ajuda a ficar no jogo — mas não necessariamente a mudar as regras.
👉 Lição prática: eficiência é necessária, mas não basta. Para que uma MPE deixe de ser “mais uma”, precisa encontrar um recurso ou estratégia que seja difícil de copiar.
5. O ponto de hoje: eficiência x diferencial na era da IA
Agora entra a provocação mais atual.
Usar IA, como o ChatGPT, é um exemplo perfeito de eficiência. Ele ajuda a escrever mais rápido, responder mais rápido, pesquisar mais rápido. Contudo, se todo mundo usar da mesma forma, o resultado vira genérico.
👉 A vantagem competitiva, cada vez mais, está em como você dá o toque humano:
o olhar crítico para interpretar,
a criatividade para conectar pontos,
a empatia para entender o outro,
a coragem de fazer diferente quando todos seguem a mesma receita.
Se eficiência é o que a IA entrega, diferencial é o que só você, humano, pode trazer.
6. Brincadeira para pensar (responde aí na sua cabeça)
Se tirassem hoje o seu maior diferencial, o que sobraria?
👉 Se a resposta for só “faço rápido, barato, eficiente”… cuidado: isso a IA também faz.
👉 Se a resposta for “faço de um jeito que só eu faço”… parabéns: isto é estratégia.
No fim das contas, o que faz diferença é aquilo que só você pode trazer para a mesa. E isso, nenhuma IA copia.
Até a semana que vem,
Prof. Clara 🧡
🍎 Como usar em sala de aula
Quando falo de diferenciação, gosto de usar o estudo de caso da Tony’s Chocolonely — uma marca que não só se posiciona de forma única no mercado de chocolates, mas também carrega um propósito forte: lutar contra o trabalho escravo na cadeia do cacau.
🪑 Passo 1: antes de assistir a qualquer vídeo, preparo a sala com perguntas impressas sobre a empresa (estratégia, riscos, diferencial, impacto social) e colo uma em cada cadeira. Quando os alunos chegam, precisam escolher onde sentar de acordo com a pergunta que querem responder. Assim, já começo a aula quebrando os grupos de sempre e coloco cada estudante diante de um desafio novo.

Imprimo e colo uma em cada cadeira (se precisar, repito alguma)
📺 Passo 2: só depois assistimos juntos ao vídeo da CNBC, que mostra como a Tony’s cresceu justamente ao unir diferenciação e propósito social.
💬 Passo 3: cada aluno compartilha sua resposta, e a discussão se aprofunda em torno da questão central: como uma empresa pode se diferenciar e, ao mesmo tempo, tentar mudar o mundo?
Esse tipo de dinâmica sempre engaja a turma. Prova disso é que, depois de uma dessas aulas, meus alunos criaram até um rap reclamando (com muito humor) que a Tony’s não vende chocolate no Brasil. Foi divertido e, ao mesmo tempo, a confirmação de que tinham entendido o ponto: estratégia não é só competir, é também se posicionar de um jeito que faça sentido para o mundo.
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