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Lição #7 - Eles não querem mais seguidores. Eles querem conexão.

Da queda das redes sociais à ascensão do pertencimento: o que a Geração Z diz sobre as tendências atuais. Tempo de leitura: 6 minutos

Olá, meu nome é Clara e, por algumas reviravoltas inesperadas do destino, hoje eu sou professora de estratégias de negócios, marketing e empreendedorismo para alunos do ensino médio.

É engraçado olhar para trás e pensar que eu tinha tudo para chegar até aqui desde cedo, mas acabei seguindo um caminho um pouco não convencional.

Nesta newsletter, eu vou dividir com vocês o que eu venho aprendendo sobre negócios para poder ensinar os meus alunos de uma forma que traga interesse e aprendizado real.

Neste momento da minha vida, o meu interesse por empreendedorismo não vem de uma vontade pessoal de me tornar CEO da minha própria empresa, mas sim de uma curiosidade em compreender conceitos e mudanças de mercado para poder ensinar algo realmente relevante para meus alunos.

🙋‍♀️ Presente?

Lição #7 – Eles não querem mais seguidores. Eles querem conexão.

Gente, será que o algoritmo da vida já fez vocês cruzarem com a moda do livrinho de colorir do Bobbie Goods?

Fonte: magazineluiza.com.br

Eu dou de cara com os meus alunos do ensino médio pintando o livrinho de colorir durante o intervalo toda semana, muito animados com o resultado que tiveram. Bobbie Goods é a febre do momento.

E o nó que eu fiquei na cabeça ouvindo eles conversando:

"Eu comprei o castelo."
"Ah, eu achei o carro mais legal."

O assunto? LEGO.

Quantos anos têm meus alunos? 17 e 18.

🧱 Até a propaganda do Lego já diz: “Adultos são bem-vindos”.

Em um mundo caótico, no qual é difícil ter controle, a Lego lhe dá um problema que tem solução.

E pensando no que a geração dos meus alunos passou durante a pandemia — horas nas telas, pouco contato real — parece-me que o desejo de voltar para o mundo offline faz cada vez mais sentido.

🔍 O que os adolescentes pensam sobre o futuro (e o presente) do consumo?

Fiz uma atividade com os meus alunos para pensar no marketing do futuro.
Usei relatórios como o da Kids Corp e o da Amy Webb, e deixei que eles pesquisassem.

Estas foram as tendências que eles acharam mais relevantes:

1. 🧠 "Brain Rot" e o Cansaço das Redes

“Brain rot” é uma expressão que vem sendo usada pela própria geração Z para descrever a sensação de exaustão mental causada pelo uso excessivo das redes sociais. Uma mistura de tédio, saturação de estímulos e a sensação constante de estar “drenado”.

Os alunos falaram sobre isto com naturalidade. Muitos disseram que já passaram do ponto: estão cansados da quantidade de propaganda, da necessidade de atenção constante, da comparação, do medo de cair em golpes e do vazamento de dados.

Eles não querem mais só consumir conteúdo — querem recuperar o controle.

Como mostra o artigo da Fast Company Brasil abaixo, o declínio do uso das redes está apenas começando. E com ele surge um novo tipo de consumidor: mais seletivo, mais desconfiado e em busca de interações com mais propósito.

2. 🧵 Propaganda? Só com Storytelling

Ninguém ali acredita mais em propaganda tradicional. Ninguém quer ser convencido. Eles querem uma conexão mais real, mais honesta — quase íntima.

Aí que entra o storytelling. A marca precisa contar uma história, despertar uma emoção e criar um vínculo. Marcas que falam como amigos, saem à frente. Marcas que parecem gente, e não uma empresa que só pensa no lucro.

💄 Um caso clássico (e muito citado pelos alunos) é o da Glossier. Antes mesmo de lançar seu primeiro produto, a marca já tinha construído uma comunidade fiel. Como?

Contando histórias que pareciam escritas por uma amiga — não por um departamento de marketing.

No texto do link abaixo, dá pra entender como o novo perfume da Glossier é, na verdade, foi um reflexo da relação que a marca construiu com seus consumidores desde o começo. Não é sobre vender um aroma. É sobre fazer parte da sua vida.

Fonte: glossier.com

3. Nanoinfluenciadores e a volta das comunidades

Se antes o número de seguidores era o que mais importava, agora a confiança virou o critério principal. E quem vem ganhando espaço nesse cenário são os nanoinfluenciadores — pessoas com poucos seguidores (geralmente até 10 mil), mas com um alto nível de engajamento e uma relação próxima com a sua audiência.

Eles não parecem uma vitrine, parecem um amigo. E isso faz toda a diferença.

A confiança que essas figuras geram cria um tipo de influência mais autêntica, mais humana e muito mais eficaz para nichos específicos. É a volta das micro comunidades, nas quais o conteúdo tem menos alcance, porém mais profundidade.

O que vale agora é o vínculo. Os alunos foram unânimes em destacar isto: pessoas confiam em quem responde no direct, não em quem tem 10 milhões de seguidores e fecha publi toda semana.

📉 De acordo com a matéria da Exame pelo link abaixo, os nanoinfluenciadores estão sendo cada vez mais procurados por empresas, justamente por gerarem mais engajamento, mais confiança e menos rejeição. Eles falam como gente real — e é isto que o público espera.

O poder voltou para quem cria comunidade de verdade — com conteúdo constante, relação próxima, e uma audiência que realmente escuta.

4. 🤖 IA: A Nova Conselheira?

“Professora, a IA já sabe mais sobre mim do que eu.”

Eles reconhecem que a inteligência artificial já entende seus hábitos, emoções e até rotina. E já existem apps fazendo terapia com IA. Os alunos pareceram gostar da ideia!

5. 🧸 Experiência é o Novo Produto

A atenção da Geração Z é mais curta. Isto a gente já sabe. Mas o que talvez nem todo mundo tenha notado é que essa geração quer ser surpreendida — e encantada. Produtos sozinhos não bastam. O que vende é a experiência.

🧸 🍣 Um ótimo exemplo disto é a febre do Jellycat — bichinhos de pelúcia britânicos, com designs fofos, macios e... extremamente desejáveis. Eles não são só brinquedos. São itens de coleção, símbolos de estilo, objetos de desejo. Parte do apelo está na exclusividade, no storytelling por trás de cada modelo, e no fato de serem difíceis de encontrar. Isso tudo transforma o simples ato de comprar em uma experiência emocional e social.

6. 🛍️ O Físico Precisa Ser Tão Bom Quanto o Digital

Eles querem o melhor do digital — praticidade, personalização, agilidade — aplicado ao físico.

Serviços precisam ser fluidos, com atendimento humano e empático, com a mesma eficiência de um clique. E a sala de aula não é diferente.

Eles já não se contentam com aulas tradicionais e desconectadas do mundo. Querem fluidez, respostas rápidas e conexões reais. Querem um ambiente de aprendizagem que funcione como uma experiência de usuário boa.

Um exemplo que os alunos falaram muito foi o da loja da Nike em Nova Iorque.

A geração Z valoriza interação, propósito e personalização — assim, como consumidores, é o que eles exigem das marcas.

Ou seja: se o atendimento da loja precisa ser tão bom quanto o da Amazon, a escola precisa ser tão relevante quanto o TikTok.

Esta aula me mostrou que, quando a escola cria espaço para conexão de verdade, os alunos respondem.

Eles querem experiências. Mas não qualquer experiência — querem as que fazem sentido para eles.

Querem olhar para o que vivem, para o que consomem e entender o porquê.

Se conseguirem fazer isso aos 17 anos, já é um bom começo. Para inovar, para empreender, ou simplesmente para viver com mais intenção.

Até daqui duas semanas,

Prof. Clara!

📝 Como usar na sala de aula

Papel. Caneta. Grupo. Sem tela.

Coloquei 6 produtos com 6 propagandas, uma por mesa.
Cada grupo analisou como a comunicação mudou ao longo dos anos — com base no marketing 1.0 ao 6.0 de Philip Kotler.

Sem computador, sem celular.
Apenas papel, canetas coloridas… e uma experiência tentando entender a minha letra. Nem eu entendo às vezes.

Quer mais conteúdos sobre redes sociais? Leia a minha newsletter #5 - TikTok e tudo o que você tem que saber sobre como isso muda as nossas vidas
Ou prefere mais conteúdos sobre marketing? Leia a #3 - Segmentação de mercado e o presente perfeito

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